DIÁRIO DE UM CIENTISTA POLÍTICO, POR DOUGLAS DIAS
Um dos primeiros manuais eleitorais foi escrito por Quinto Tullius Cícero por volta de 64 a.c., “Como ganhar uma eleição”, que traz uma série de conselhos práticos de como se chegar ao poder e sua lição mais significativa é: “prometa tudo a todos”.
Pois bem, mais de 2000 anos se passaram, e as eleições continuam pautando-se a fórmula das ‘promessas vazias’, nas palavras do próprio Quinto:
“É melhor que algumas pessoas fiquem desapontadas quando você as decepcionar do que ter uma multidão irada na frente da sua casa quando você se recusar a prometer o que elas querem.”
Daí se extrai o fato de que os concorrentes estão dispostos a falar qualquer coisa desde que isso represente uma vantagem competitiva, não havendo filtros, o que importa mesmo é parasitar o inconsciente das multidões com uma falsa ideia de ‘verdade’.
É a fabricação do mito, e se engana aquele que pensa que isto é meramente a alcunha de um dos candidatos à presidência.
A técnica é difundida desde a antiguidade, consistindo em alucinar as massas, era comum por exemplo na Roma do século V a.c., que os candidatos se apresentassem vestidos apenas com uma toga branca, o propósito disso era ostentar as cicatrizes de guerra como sinônimo de força.
Hoje não é diferente, em êxtase, o público foca nas marcas de seus ícones políticos e orgulhosos de sua própria ilusão permanecem anestesiados ante o discurso, como diz Schumpeter “o crente sempre ouve o que quer ouvir, independente do que o profeta deveras diz.”
Por derradeiro, na iminência de mais um pleito não é o caso de dizer quem merece um voto ou ser crucificado, mas sim, reparar que multidões apaixonadas e políticos com sede de poder, nunca formaram uma boa combinação.
Nutrir um voto a base de promessas é a receita da decepção desde os primórdios das eleições.
Siga em frente!
Por Douglas Dias, Bacharel em Ciência Política com MBA em Relações Governamentais.
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