Em quatro municípios alagoanos, apenas uma pessoa concorre ao cargo de prefeito nas eleições deste ano
No próximo dia 6 de outubro, os eleitores vão às urnas, em todo o país, para eleger, ou reeleger, os novos prefeitos e vereadores das cidades. Faltando menos de dois meses para o pleito, as campanhas já estão a todo vapor e os candidatos com as agendas lotadas. Mas em quatro municípios alagoanos, a movimentação dessa época do ano está mais tímida que o normal, pois, em cada uma delas, só há uma pessoa disputando o cargo de prefeito.
Essa situação acontece nos municípios de Branquinha, Mar Vermelho, Jaramataia e Cacimbinhas. Nas três primeiras cidades, os atuais prefeitos Neno Freitas, André Almeida e Ricardo Paranhos, respectivamente, todos do MDB, buscam o voto do eleitor para passar mais quatro anos à frente da gestão. Em Cacimbinhas, o candidato único é o ex-vice-prefeito e advogado Wladimir Araújo Wanderley, o Vaval Wanderley (MDB), que é primo do atual prefeito do município, Hugo Wanderley (MDB), presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA).
A servidora pública Ivone Gomes dos Santos, moradora e eleitora de Branquinha, cidade que fica a cerca de 70 km de distância da capital Maceió, conta que essa será a primeira vez que ela participa de uma eleição com candidato único. E mesmo com o clima de “já ganhou”, natural nessas situações, ela diz que fará questão de sair de casa para votar.
“Com toda certeza eu irei exercer o meu direito de voto no dia 6 de outubro. É a primeira vez que participo de uma eleição com candidato único e estou achando boa essa situação”, afirma, ressaltando que considera positivo o fato de o atual prefeito - que tenta a reeleição - não ter um concorrente neste pleito.
Já o empresário José Adevan Alves de Almeida, de 50 anos, eleitor do município de Cacimbinhas, a cerca de 175 km de distância de Maceió, no Sertão de Alagoas, conta que já participou de outra eleição com candidato único. Para ele, isso acontece diante da ausência de outras lideranças políticas na região.
Morando na capital alagoana, ele conta que, a cada três ou quatro meses, vai a Cacimbinhas para visitar a família, que continua morando por lá. O retorno no próximo mês de outubro já é certo. Ele vai lá para votar.
“Eu já participei de uma eleição com candidato único que, inclusive, era parente do candidato atual. Conheço pessoas que não vão votar, mas eu irei. Acho ruim essa situação de só ter um candidato porque o cidadão acaba não tendo escolha”, diz o empresário, que destaca que tem sido pequeno o movimento de campanha na cidade, com poucos eventos sendo realizados.
A jornalista Maria Eduarda, de 25 anos, que vota em Mar Vermelho, a cerca de 107 km de Maceió, avalia como positivo o fato de ter somente um candidato a prefeito na cidade, considerando o trabalho que, segundo ela, a atual gestão vem fazendo. Ela destaca ainda a eleição para vereador da cidade, que é tão importante quanto a de prefeito.
“Acredito que para a eleição deste ano foi a melhor opção. A gestão atual tem feito um excelente trabalho no município, trazendo grandes obras, gerando muitos empregos e dando oportunidade a muitas pessoas. Nós só temos um candidato a prefeito, mas temos vários candidatos a vereador, então, de toda forma, também vamos precisar fazer uma escolha política nesse sentido”, fala.
Ela cita a importância de exercer o direito de voto, independentemente do cenário eleitoral que se apresente. Por isso, mesmo não morando mais na cidade desde o último mês de março, Eduarda faz questão de comparecer ao local de votação no próximo dia 6 de outubro. De quebra, ainda vai aproveitar para ver os pais, que continuam residindo na cidade.
Vitória certa
O advogado especialista em Direito Eleitoral, Gustavo Ferreira, conta que as regras que se aplicam para eleições com candidato único são as mesmas para pleitos que contam com mais de um concorrente. Apenas os municípios com mais de 200 mil eleitores é que precisam de um percentual mínimo de votos para eleger alguém.
Ele destaca ainda que o candidato único ganha o pleito independentemente da quantidade de votos nulos ou brancos. “O único candidato ganha independentemente disso, pois são considerados apenas os votos válidos, que são todos os votos dados em uma eleição, excluindo-se votos brancos e nulos”, destaca o advogado.
No Brasil
Em todo o país, 214 cidades espalhadas por 20 estados têm apenas um candidato concorrendo ao cargo de prefeito. Esse quantitativo é exatamente o dobro do registrado nas eleições de 2020, quando 107 municípios estavam nessa situação, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O estado do Rio Grande do Sul é o que apresenta o maior número de cidades com candidatos únicos, com 43. Em seguida, estão Minas Gerais, com 41; São Paulo, com 26, e Goiás, com 20.
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