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Mais de 80% dos prefeitos alagoanos apontam saúde como principal desafio

  • Gazeta de Alagoas
  • 13 de mai.
  • 3 min de leitura

Levantamento com 84 municípios do Estado escancara gargalos nos procedimentos de média complexidade

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A saúde pública continua sendo o maior calcanhar de Aquiles para os prefeitos alagoanos. É o que revela um levantamento realizado com 84 municípios do Estado, indicando que 83,3% dos gestores veem a área como a mais difícil de administrar. Obtidos pela Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), os dados reforçam o que há tempos se percebe na prática: o modelo atual de gestão municipal do SUS enfrenta limitações sérias, sobretudo na média complexidade.


Entre os principais problemas relatados está a escassez de médicos especialistas e a dificuldade de acesso a exames, que impactam diretamente na resolutividade do sistema e sobrecarregam os atendimentos básicos. O baixo valor pago por consulta especializada — que, em alguns casos, não ultrapassa os R$ 10 — é um fator desestimulante para a fixação de profissionais nos municípios menores.


Outro ponto sensível revelado pela pesquisa é a estrutura precária dos serviços. A manutenção de ambulâncias e unidades básicas de saúde tem sido um desafio constante, o que compromete não apenas o transporte sanitário, mas também a qualidade e a continuidade do atendimento. Além disso, em mais de 70% dos municípios, o controle de filas de espera ainda é feito manualmente, o que dificulta o planejamento e gera desorganização nos fluxos de pacientes.


Apesar desse cenário preocupante, o levantamento também identifica alguns avanços. O prontuário eletrônico já está implantado em todas as unidades de saúde de 70,2% dos municípios, o que representa um avanço em termos de organização e registro das informações dos pacientes. A telemedicina, ainda que incipiente, começa a ganhar espaço como alternativa para suprir a ausência de especialistas e reduzir deslocamentos.


Entretanto, como mostra o estudo, a digitalização ainda não está acompanhada de uma cultura consolidada de uso de dados para planejamento ou gestão por desempenho. Sem incentivo técnico e financeiro, muitas prefeituras seguem reféns de um modelo de gestão reativo, mais preocupado com emergências do que com resultados.


A regionalização da saúde, aliada à modernização dos processos, aparece como uma das possíveis saídas para esse impasse. Segundo especialistas, redes bem organizadas regionalmente e integradas digitalmente podem ajudar a dividir responsabilidades entre os entes federados e aumentar a eficiência do sistema.


O presidente da AMA, Marcelo Beltrão, destaca a importância desse levantamento para fortalecer a mobilização municipalista. “Este estudo é fundamental para que possamos mostrar, com dados concretos, a real situação da saúde nos municípios alagoanos. Só assim teremos força para lutar por recursos que garantam um atendimento digno à população, especialmente diante do subfinanciamento histórico que enfrentamos”, afirmou.


Marcelo Beltrão ressaltou que a AMA já está articulando capacitações para gestores municipais, visando adequar os municípios às novas exigências do Ministério da Saúde para liberação de recursos, e firmando parcerias com a Secretaria de Estado da Saúde e o Conselho de Secretarias Municipais para garantir suporte técnico.


“Sabemos que a saúde é uma das maiores dores de cabeça dos prefeitos, e nosso papel é preparar os gestores para que não percam recursos tão importantes para o atendimento da população”, reforçou.


O presidente também destacou a necessidade de uma pauta municipalista forte no Congresso, que contemple a revisão dos valores repassados ao SUS e a criação de incentivos para atrair e reter profissionais qualificados. “Sem recursos adequados, não há como melhorar a saúde. Esse levantamento é um instrumento para que possamos cobrar mais atenção e investimentos para Alagoas”.

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