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Dia da visibilidade trans



Janeiro é o mês da visibilidade trans e o evento é comemorado dia 29. Fundado em 2004, pelo Ministério da Saúde brasileiro, a data serve para lembrar da dignidade, que na maioria dos casos, falta à população trans e travesti. Período que serve para colocarmos em pauta a necessidade de criarmos leis de proteção a essa comunidade que é assassinada diariamente, lembrarmos que a taxa de suicídio é gigante, que não tem seus nomes sociais e pronomes respeitados, a expectativa de vida é de apenas 35 anos e que aproximadamente 90% das travestis e transfemininas tem que recorrer a prostituição, já que não são inseridas no mercado. Nesta época tão necessária, que deveria levantar a bandeira desse grupo em todo o país e ter diversas propagandas e ações, somos trazidos a realidade cruel e bárbara da sociedade brasileira.

Dia 4 Keron Ravach, uma adolescente trans de apenas 13 anos de idade, foi brutalmente assassinada por outro jovem de 17 anos. Ela foi morta a base de chutes e pauladas, e seu corpo foi encontrado em um terreno baldio. Segundo o assassino, ele matou Keron por um “desentendimento no momento de pagar o programa”. Ray Fontenelle, um amigo de Keron nega que ela fazia qualquer tipo de prostituição “Não acreditei em nada de oferecer grana por sexo. Ela era muito humilde”.

Keron Ravach, é infelizmente o resultado de um ódio, um preconceito estigmatizado por uma parte da sociedade brasileira. Mas antes vamos definir o que é o preconceito. A etimologia de preconceito é dividida em duas partes, o prefixo “Pré” e a palavra “conceito”. Pré traz a ideia de algo anterior, antes, precedente, enquanto conceito descende do latim “conseptus”, que se refere a construção ideal do ser ou de objetos. Quando falamos em preconceito, a ideia que a palavra traz é sobre a construção de uma ideia acima de alguma pessoa ou coisa.

Seguindo a ideia da palavra, a única forma de quebrar o prejulgamento e parar com tanta violência, é desconstruir suas noções sobre determinados assuntos e aprender o que há de fato. A melhor forma de reduzir o preconceito sobre pessoas trans e travestis é aprender o que de fato sofrem, dar a elas local de fala, colocá-las em evidência e buscar ter ações mais respeitosas.

Mulher trans e travesti X Drag Queen

Antes de qualquer coisa, temos que entender que mulheres trans e travestis são identidades de gênero, enquanto drag queen é uma forma de arte e qualquer pessoa pode fazer. Enquanto drags são personagens e no fim de um dia não estarão mais lá, travestis e mulheres trans não, elas são pessoas, e serão mulheres e travestis 24 horas por dia.

Mulheres trans X Travestis

Para falarmos sobre as diferenças entre mulheres trans e travestis devemos entender algumas coisas essenciais sobre gênero, e uma delas é sobre a binaridade e não-binaridade de gênero.

Gêneros binários

Gêneros binários são os “gêneros básicos”, o famoso homem e mulher. Dentro da binaridade de gênero não há fluidez, não existe algo além desses dois gêneros.

Gêneros Não-binários

Gêneros não-binários vão sair do espectro comum, eles fluem entre os gêneros binários e vão além. Enquanto na binaridade ou é homem, ou é mulher, a não binaridade não tem “regra” fixa. Nela encontramos pessoas que se identificam com os dois gêneros binários, pessoas que não tem gênero, pessoas que se identificam parcialmente com determinado gênero e por aí vai. A não-binaridade é viva e complexa. Nela podemos encaixar todos os que não se encaixam na binaridade humana. Podemos dividir as pessoas não-binarias em 3: alinhadas ao feminino, alinhadas ao masculino e alinhadas ao neutro.

Agora que já definimos o que é a binaridade e o que é a não-binaridade podemos falar sobre as diferenças entre mulheres trans e travestis.

A diferença entre mulheres trans e travestis NÃO está ligada à genitália ou procedimentos. Travestis e transfemininas não necessariamente se sentem confortáveis com sua genital ou não necessariamente querem fazer cirurgias.

Mulheres trans são mulheres que ao nascer lhe foram designadas o gênero masculino e elas foram criadas nesse contexto social. Elas são mulheres binárias.

Assim como mulheres trans, travestis também foram designadas no gênero masculino ao nascerem, mas diferentemente, travestis não são necessariamente identidades binárias, elas simplesmente estão alinhadas ao feminino e anteriormente eram designadas ao masculino. Vale ressaltar que travesti é um gênero, e sempre, em 100% dos casos devem ser referidas no feminino.

Coisas que NÃO devem ser feitas

Não use os pronomes errados:

Não se refira a elas com pronome masculino. Errar o pronome de uma pessoa trans travesti pode desencadear uma crise de disforia, então em hipótese alguma utilize o pronome errado.

Não fale a palavra “traveco”:

Ela é uma palavra extremamente desrespeitosa, pois anula a identidade da pessoa e carrega um significado extremamente negativo. Ela também traz um passado de sofrimento, especialmente na época da ditadura militar onde travestis eram levadas a prisões para se “tornarem homens”. NUNCA UTILIZE ESSA PALAVRA.

Não pergunte o nome de registro:

Nome de registro é o nome que a pessoa recebeu quando nasceu, mas ela não se identifica. Geralmente o nome de batismo traz memórias ruins, desde desrespeito até crises de disforia.

Coisas que DEVEM ser feitas:

Pergunte os pronomes:

Se não souber como se referir a uma pessoa trans, pergunte seus pronomes. Perguntar os pronomes não ofende e é algo respeitoso.

Utilize o nome social da pessoa:

Use o nome que a pessoa te dá, aquele que ela se identifica, aquele que traz conforto a pessoa.

Se refira a pessoa pelo nome social:

Pessoas trans são pessoas e a transgeneridade é apenas uma parte delas. TODOS tem suas identidades, nomes, pronomes, passatempos, sonhos. Ser trans não é um determinante, é apenas mais uma característica da pessoa. Se refira pelo nome.


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